domingo, 13 de abril de 2008

ESTABILIDADE E RESPOSTA

Bom galera, como eu tinha prometido vou publicar agora um tutorial sobre como manipular a ESTABILIDADE e a RESPOSTA dos helimodelos elétricos (eCCPM), tornando-os mais mansos para iniciantes ou mais ágeis para pilotos 3D.

Em primeiro lugar, vale ressaltar que a ESTABILIDADE e a velocidade de RESPOSTA não são incompatíveis. Ao contrário, a idéia é aumentar as duas qualidades ao mesmo tempo.

As ferramentas que deverão ser manipuladas pelo helimodelista são:

LINKS CCPM (ângulo mecânico máximo da flybar)

FLYBAR (comprida ou curta, com ou sem pesinhos)

PADDLES ( leves ou pesados, maiores ou menores)

PÁS DO ROTOR PRINCIPAL (leves ou pesadas, curtas ou longas, rígidas ou flexíveis)

CONFIGURAÇÃO DO RÁDIO (ângulo eletrônico máximo da flybar por mixagem, exponencial, dual rate)

Além disso, alguns conceitos de física devem ser bem entendidos antes de fazer qualquer modificação no helicóptero:


Inércia: todo corpo tende a permanecer no estado em que se encontra. Se está parado, tende a ficar parado, se está em movimento, tende a ficar em movimento.

Ação e reação: Segundo a terceira lei de Newton‚ para qualquer ação existe uma reação de igual força e de sentido contrário.

Efeito giroscópico: Um corpo em rotação resiste a que lhe alterem a posição. Experimente tirar uma das rodas da bicicleta. Coloque um varão a servir de eixo, agarre-o com as duas mãos de forma a que a roda fique vertical e peça a alguém para a pôr a girar. Experimente então desloca-la para a horizontal. Quanto maior for a rotação, ou maior for o peso (a massa) da roda, mais força vai ter que fazer. Aí tem o efeito giroscópico.

Estabilidade: Dizemos que um corpo é estável quando ele resiste MAIS a mudar sua posição no espaço. Um heli mais estável vai sofrer menos com vibrações e com o vento, por exemplo.

Resposta: Velocidade com que o heli executa os movimentos que você comanda via rádio.

Vamos por partes:

LINKS CCPM:

O tamanho de cada um dos links do CCPM deve ser mecanicamente ajustado de modo a SEMPRE permitir o MAIOR ângulo possível da flybar em relação ao plano das pás do rotor principal. Não quero aprofundar muito essa questão agora, até porque pretendo fazer um tutorial exclusivamente sobre a configuração mecânica da CCPM, de modo que vou partir do princípio que o seu heli foi bem montado e que você está conseguindo de -11 a +11 de passo e cerca de 8 graus de inclinação da flybar (sempre usar um pitch gauge para ter certeza).

PADDLES:

Os paddles tem enorme influência tanto na ESTABILIDADE quanto na RESPOSTA do seu helicóptero, e podem ser alterados em relação ao seu tamanho e peso.

Mais pesados: maior efeito giroscópico, ou seja, maior inércia = mais estabilidade e menos resposta.

Mais leves: menor efeito giroscópico, ou seja, menor inércia = menos estabilidade e mais resposta.

Em relação ao tamanho do paddle não é preciso muita preocupação, porque existe uma certa padronização dos fabricantes. Um paddle maior proporcionaria a princípio mais resposta (maior área de contato com o ar) e mais estabilidade (pois seria mais pesado), mas acabaria aumentando muito o atrito com o ar e a turbulência, prejudicando o vôo. Assim, os fabricantes encontraram o tamanho ideal.

Vou agora sugerir a compra de dois paddles diferentes para diferentes usos:

Para iniciantes, o melhor paddle é o HS1192 da Align, que tem quase 9 gramas (pesadão!):


Já para quem pretende fazer 3D, o melhor paddle na minha opinião é o da GORILLA, sem colocar a barrinha dentro dele, pois fica com apenas 5,5 gramas e tem ótima aerodinâmica!:


FLYBAR:

Mais longa: maior inércia (peso dos paddles mais longe do centro) = mais estabilidade.

Mais curta: menor inércia (peso dos paddles mais perto do centro) = menos estabilidade.

Uma flybar mais longa vai dar mais establidade, mas também mais RESPOSTA, porque aumentará a ALAVANCA. Note-se que estabilidade e resposta não são excludentes nesse caso.

Entretanto, a vantagem de aumentar a flybar tem um limite! Quando ela é muito longa (maior que 220mm nos helis 450, por exemplo), acaba ficando muito FLEXIVEL, anulando os ganhos!

Os pesinhos colocados na flybar aumentam a estabilidade, mas reduzem a resposta, pois aumentam o efeito giroscópico.

Na minha opinião tanto os iniciantes quantos os pilotos 3D deveriam usar sempre a flybar longa, de 220mm. No caso dos iniciantes, todavia, deve haver limitação eletrônica (via rádio), do ângulo máximo da flybar, conforme explanação a seguir. Claro que se você for inicialmente e tiver apenas o rádio original do BELT-CP, vale ficar com a flybar mais curta.

PÁS DO ROTOR PRINCIPAL:

Mais longa: maior inércia (CG mais longe do centro) = mais estabilidade.

Mais curta: menor inércia (CG mais perto do centro) = menos estabilidade.

Pás mais longas vão dar mais estabilidade, mas também mais RESPOSTA às mudanças de passo, porque aumentará a SUSTENTAÇÃO. Note-se que estabilidade e resposta não são excludentes.

Entretanto, a diferença entre 3D e hover fica a cargo do peso das pás. Pás pesadas dão mais estabilidade, pás leves dão mais agilidade.

Apesar de ser controverso, entendo que as pás rígidas de fibra de carbono ou de vidro são mais indicadas para o vôo 3D, justamente porque não vergam. Tive uma lenha com o meu FALCON 3D usando pás de madeira quando mudei bruscamente o passo e as pás do rotor principal vergaram e se chocaram com as pás do rotor traseiro. Não preciso nem dizer que recolhi os pedaços do heli pelo chão com um saco plástico... hehehe

CONFIGURAÇÃO DO RÁDIO

Apesar de tudo o que foi dito até agora ser importante, o que REALMENTE faz diferença na RESPOSTA do heli, deixando-o mais manso ou agressivo é a configuração do rádio.

Para quem é piloto de BELT-CP vai a DICA FUNDAMENTAL: compre um rádio melhor. Quanto mais eu penso sobre o assunto mais me convenço que a melhor escolha é o novo Spektrum DX6i Full Range. Compre o rádio no exterior se quiser, está por cerca de R$ 350 + taxas, e tem as seguintes características fundamentais:

* Full range 2.4GHz DSM2 6 canais e vem com o receptor AR6200

* 10 memórias para modelos

* ModelMatch (sistema para evitar a síndrome do “putz, era o modelo errado”)

* dual-rate para leme

* cronometro

* Throttle hold (corta a aceleração, fundamental na lenha e na configuração)

* Ajuste de viagem dos servos

* Sub-trim

* Dual rate e exponencial

* ajuste remoto do ganho do Gyro, curvas gráficas de passo e potência, P-mixes, Revo mix e Swash type (Normal, and CCPM 120)

A primeira coisa a ser modificada, após garantir que mecanicamente a flybar vai até 8 graus em relação ao plano das pás principais (cadê o pitch gauge? Já comprou?), é ir até o menu da mixagem CCPM 120 e alterar o valor do aileron (se o rádio for futaba provavelmente estará em 50%, se for JR estará em 60%). Quanto menor for a porcentagem automaticamente o ângulo máximo da flybar vai diminuindo, deixando o heli mais manso de aileron e vice-versa. A mesma coisa com o valor do elevator, para programar a velocidade de resposta do profundor.


ATENÇÃO! ATENÇÃO! ATENÇÃO! Sempre que modificar os valores da mixagem confira se os braços do servo não estão chegando muito perto da main gear, sob pena de desastre total em vôo. Analise tanto em passo máximo quanto mínimo e dando ou mesmo tempo o máximo de aileron e profundor! No meu V2 quase aconteceu a tragédia, pois não tinha percebido inicialmente que quando eu dava passo máximo negativo, mais máximo de aileron à direita e ao mesmo tempo máximo de profundor picado, o braço do servo entrava no meio da main gear!

Para 3D, procure deixar o máximo de ângulo possível sem ameaçar a main gear com o braço do servo. Se for iniciante, deixe o ângulo máximo em cerca de 4 graus.

Na sequência, programe o exponencial do rádio para o aileron, profundor e leme. Para os iniciantes, o exponencial é um recurso do rádio que permite alterar a sensibilidade do stick, de modo que perto da posição centralizada o heli tenha menos resposta do que nas extremidades. Ou seja, com exponencial ligado, digamos que se você mexer o stick em 30% para direita, o heli mexa apenas 15%, mas se vc for até o final e der 100% de stick e heli mexerá 100%. Isso facilita para os iniciantes que não estão acostumados com movimentos milimétricos do stick!

Eu considero 25% de exponencial o ideal para os iniciantes... no 3D gosto de deixar em 10%, mas isso é muito pessoal. Vale frisar que nos rádios futaba o exponencial deve ser um número negativo -25%, por exemplo, enquanto que nos rádios JR e Spektrum o valor deve ser positivo.

Por fim, uma dica para o dual-rate. Como o seu ajuste mecânico dá o máximo de curso para a flybar, lembre de colocar o estado alternativo do dual-rate sempre MENOR que 100% (um em 100% e o outro em 80%), senão pode ocorrer binding do servo (excesso de curso) e alguns estragos.

CONCLUSÃO

Em conclusão, o SETUP indicado por mim é:

Para iniciantes que querem estabilidade e respostas lentas:

flybar longo 220mm com no máximo 4 graus, com pesinhos, paddles pesados Align HS1192, pás longas e pesadas como as Align 325 de madeira .

Para 3D:

flybar longo de 220mm com 8 graus, sem pesinhos, paddles leves da Gorilla, pás longas e leves, como as 3K Align de 325.

Bons vôos pessoal,

Espero que tenham gostado do primeiro post, deixem seus comentários!

2 comentários:

Unknown disse...

Vou extrear os posts de comentários hehe... Bom não sei p/ os outros mas eu achei excelente e c/ certeza vai ajudarme muuuuuito!!! sou iniciante e logo no primeiro voo lenhei meu heli... na próxima c/ certeza vou usar essas dicas!!! Valew Lang...

Willa Santos disse...

Amigo onde eu posso encontrar o manual deste Rádio em Português Spektrum DX6, tenho um que veio com o Blade 400, mas está todo em Inglês... Muito obrigado e um abração